Storytelling para Apresentações
Ilustração da “Jornada do Herói”, um jeito de contar histórias muito usado no cinema, na literatura e que também pode ser empregado em storytelling.
Fonte:
“A pessoa mais poderosa do mundo é o contador de histórias. O contador de histórias define a visão, os valores e a agenda de toda uma geração que está por vir.” — Steve Jobs.
Storytelling significa o ato de contar histórias.
A prática se tornou importante no mundo dos negócios (o que inclui startups e produtos digitais) porque é um meio poderoso para a persuasão e convencimento.
Humanos são seres emocionais, dramáticos, que vivem conflitos, desafios, vitórias e perdas ao longo da vida e que dão sentido a isso por meio de narrativas.
Contar histórias é ancestral. Sobrevivemos como espécie e nos organizamos como sociedades contando histórias sobre realidades imaginadas (religiões, impérios, dinheiro, ciência, teorias, empresas, marcas, produtos etc.).
Teorias e estudos de psicologia afirmam que aprendemos e somos convencidos com muito mais facilidade por meio de histórias, em vez de dados ou sinais isolados.
Por essas características, contar histórias, construir narrativas que toquem nossas emoções são uma maneira eficiente de transmitir mensagens, simplificar complexidades, fornecer contexto, sensibilizar sobre situações e levar à união, engajamento e colaboração entre pessoas.
User Research, por lidar com essas necessidades, seja junto ao time de Design em geral, junto do time de produto (Product Manager, Designer e/ou desenvolvedores), seja com stakeholders do produto ou negócio, pode aproveitar a contação de histórias para alinhamento, inspiração e convencimento sobre projetos a serem desenvolvidos, resultados de pesquisas e testes ou mesmo durante o contato rotineiro com usuários.
Poderes das histórias
- Fornecer e simplificar contextos.
- Mexer com nossas emoções.
- Gerar empatia e solidariedade.
- Motivar-nos aos desafios, a correr riscos e à superação de dificuldades.
- Levar-nos a colaborar e agir em prol de causas comuns.
- Inspirar-nos ou, de outro modo, nos fornecer “sentido” para fatos, eventos, ações e intenções.
“As histórias solidificam conceitos abstratos e simplificam mensagens complexas.” — Hubspot.
Fundamentos
Storytelling envolve dois aspectos fundamentais:
- a história, isto é, o seu conteúdo;
- o jeito de contar essa história.
Um bom conteúdo pode até compensar um jeito ruim de contá-lo. O inverso é mais difícil, mas também pode ser possível.
Recursos que podem ajudar
Elementos básicos
Os elementos básicos de Storytelling são: mensagem, ambiente, personagem e conflito.
A mensagem é o conteúdo que se quer passar e a forma de transmiti-la. O ambiente facilita entender o contexto. O personagem humaniza a narrativa, cria identificação e empatia. O conflito causa tensão e vontade de saber o que irá acontecer, ou seja, captura a atenção.
Esses elementos simples podem ser usados em quaisquer narrativas para apresentar dados e situações relacionadas a negócios e produtos.
Jornada do Herói
Jornada do Herói é o processo que começa com os clássicos gregos, Ilíada e a Odisséia, e se repete até hoje nas histórias do cinema.
A história começa com o herói vivendo sua vida pacata, até receber um chamado do destino. A primeira reação é ter medo do chamado. Em seguida, ele encontra um mentor que lhe dará ensinamentos.
Inicia, então, um caminho de desafios e lutas, em que tem de passar por provações, fazer aliados e derrotar inimigos.
Até que chega em seu desafio máximo, a batalha final, em que quase sucumbe, mas derrota o “mal” e volta para sua vida anterior transformado.
A Jornada do Herói sempre fornece lições de superação, de que sem risco não há recompensas e que desafiar o medo conduz a grandes aprendizados.
Sou igual a você
É o roteiro em que o herói é apenas uma pessoa comum, igual às outras, com decepções, fracassos e pequenas alegrias.
É capaz de criar grande empatia e solidariedade entre pessoas que se identificam com tais características.
Exemplo criativo
A Harvard Business Review lembra um exemplo criativo de uso de storytelling em negócios.
O CEO de uma empresa de promoções chamada ePrize, de Detroit, EUA, queria um motivo para não deixar a motivação do negócio cair, já que, em meados da década de 2000, vivia um bom momento.
A ideia, então, foi criar um concorrente fictício, chamado Slither. A história foi cultivada e pegou na empresa. Segundo o CEO, ficou muito mais fácil falar de metas e objetivos com a ameaça do concorrente Slither à vista, do que apenas com dados frios.
Como usar em User Research
Storytelling, com base nesses princípios e recursos, pode ser empregado em User Research em diversas situações:
- nas cerimônias do time de produto, quando é necessário negociar estratégias, gerar motivação ou convencer sobre a adoção de um determinado método de pesquisa em detrimento de outro, por exemplo;
- nas reuniões com stakeholders, quando é necessário prender a atenção e persuadir as partes interessadas sobre os resultados de entrevistas, pesquisas ou testes com usuários;
- nas retrospectivas do time ou junto aos executivos para contextualizar dados de resultados atingidos nos processos de descoberta, refletir sobre os os aprendizados, os erros e os acertos;
- nas entrevistas com clientes/usuários, quando se está tentando explicar uma inovação no produto ou percorrer a jornada de adoção do produto, por exemplo;
- com outros times, como marketing e vendas, principalmente, onde uma visão otimista e inspiradora sobre os usuários poderá ajudar em aspectos como definição de tom de voz e comunicação com o público.
Atualmente, muitas apresentações (o clássico “Power Point”), que contam com recursos de dados/gráficos, de narrativas textuais e imagens (inclusive animadas) procuram compor histórias, com apelo à humanização, ao humor, à ironia, aos exemplos que deram errado e aos fatores de sucesso.
Esse tipo de narrativa é um exemplo de storytelling comum, fácil de produzir e de alta assimilação por parte dos públicos envolvidos.
Quanto aos públicos, vale lembrar dos stakeholders de um produto e de seus interesses e motivações. Isso permite criar histórias mais alinhadas com as necessidades/desejos de cada parte interessada.
Por que é importante?
Storytelling, em resumo, permite tornar a transmissão de informações mais humanizada, atraente e persuasiva. Ajuda a fornecer contexto, a dar sentido a dados, a motivar, inspirar, criar empatia e espírito colaborativo.
Como várias atividades de User Research envolvem comunicação, relacionamento e alinhamento de expectativas, storytelling é um aliado nas reuniões com o time de produto, com stakeholders e mesmo nas entrevistas com usuários.
Contar histórias, por fim, pode somar mais informalidade, humor, descontração e uma visão mais realista de certas situações, em vez de apenas comunicar dados e informações frios.
Essa possibilidade, por si só, já é um fator de abertura para conversas e relacionamentos mais francos, transparentes e colaborativos.
Conclusão
Análise Exploratória de Dados e Estatística Descritiva são dois assuntos que andam juntos e que permitem até alguma “diversão” no trabalho com dados, à medida que nos permitem enxergar dados de uma perspectiva mais espacial e intuitiva.
Por meio dessas técnicas, é possível descrever o “formato”, a distribuição, a dispersão, os limites e várias outras características de conjuntos de dados.
Elas também permitem uma ampla tomada de conhecimento sobre como os dados se comportam e como estão organizados, o que é fundamental para, posteriormente, fazermos Inferências Estatísticas.
Sugerimos que você explore mais a respeito desta área, procure exemplos e pratique tentando encontrar as medidas descritas e gerando visualizações com os gráficos apresentados acima para diferentes conjuntos de dados.