Ética e Privacidade
Trabalhar com pesquisa de usuário é lidar com muitas informações sobre ele, como suas preferências, orientações, dados de identificação, entre outras.
Considerando a efervescência do tema de proteção de dados, fica clara a necessidade de tomar medidas que evitem problemas com vazamento de dados ou com informações mal armazenadas em pesquisas e abordagens ou com o próprio desrespeito à privacidade dos usuários ao estudá-los.
Conhecer as regras e boas práticas ajuda não só a proteger a empresa de problemas jurídicos como o próprio designer ou pesquisador em relação ao seu trabalho e reputação.
Entendendo a LGPD
Desde 2020, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) determina como os dados pessoais devem ser tratados pelas empresas brasileiras.
O principal objetivo é ter parâmetros a serem seguidos pelas companhias para mitigar ao máximo o mal uso desses dados ou algum tipo de vazamento.
A LGPD foi criada levando como base o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR), da União Europeia, que já vem discutindo o assunto a mais tempo. Portanto, não é algo que acontece apenas no Brasil e é um conhecimento que pode ser solicitado também em outros locais do mundo.
De maneira geral, a LGPD determina:
- Como os dados podem ser captados: seguindo sempre os princípios de necessidade e finalidade (precisam ser realmente necessários);
- Forma de consentimento: usuário deve consentir a coleta, a análise e o compartilhamento e deve ser avisado sempre que houver mudanças;
- Proteção de dados: de total responsabilidade da empresa, que precisa encontrar maneiras de barrar invasões e vazamentos de dados;
- Armazenamento seguro: garantido pela empresa e com prazo pré-definido;
- Eliminação dos dados: terminada a finalidade, elimina-se os dados e abre-se um novo consentimento para a nova finalidade;
- Uso ético dessas informações: com análise de dados se restringindo a finalidade e com propósito legítimo, específico e explícito;
- Cuidado extra com dados sensíveis: empresas não devem captar dados sensíveis sem necessidade e quando tiverem, ter cuidado redobrado com sua proteção.
Dados pessoais e sensíveis
O principal ponto da proteção de dados é evitar que informações pessoais e sensíveis dos usuários venham a público ou sejam utilizadas de maneira antiética pela empresa, por terceiros ou pelo próprio pesquisador.
Dados pessoais, segundo a LGPD, são aqueles que levam à identificação de uma pessoa, direta (nome, documento e foto) ou indiretamente, como:
- nome;
- número de documentos (CPF, RG, passaporte, PIS, etc.): identificação direta;
- gênero;
- data e local de nascimento;
- telefone;
- endereço residencial;
- localização via GPS;
- foto;
- cartão bancário,
- histórico de pagamentos;
- hábitos de consumo;
- endereço de IP (Protocolo da Internet);
- cookies (pacote de dados).
Os dados sensíveis são aqueles que podem levar à algum tipo de discriminação, perseguição, assédio e outras situações como as citadas:
- origem racial ou étnica;
- convicção religiosa;
- opinião política;
- filiação a sindicato;
- filiação a organização de caráter religioso, filosófico ou político;
- dado referente à saúde ou à vida sexual;
- dado genético ou biométrico.
Consentimento de uso de dados
Na área de User Research, é válido solicitar o consentimento dos usuários para o uso dos seus dados, sempre que a abordagem envolver dados pessoais ou dados pessoais sensíveis.
Na hora de fornecer a opção de consentimento aos usuários, é preciso deixar claro quais são as informações que ele está passando para a empresa e para que eles serão utilizados.
Caso haja mudanças na intenção do uso, ele também precisa ser notificado, com a possibilidade de retirar seu consentimento.
Dessa forma, é preciso sempre que o profissional de User Research acompanhe os registros de consentimento sobre dados utilizados em pesquisas. Se a startup ou empresa já tiver uma política de dados, isso fica mais fácil.
Além disso, caso haja qualquer tipo de problema com os dados fornecidos, é dever das empresas avisar sobre o acontecido. Além disso, deixar claro quais foram as medidas tomadas para melhorar os processos e o que o usuário pode esperar dali para frente.
Com esse consentimento, os dados podem ser utilizados pela empresa e os profissionais envolvidos com ele, como o de User Research e o de Data Analytics.
A ética do profissional de User Research
A partir dessas regulamentação, é possível perceber que o trabalho do User Research precisa estar totalmente alinhado com as reais necessidades das empresas no uso dos dados.
A ética durante a pesquisa é uma necessidade do profissional de User Research, já que lidará diariamente com muitas informações sobre pessoas.
Ao fazer uma pesquisa de mercado ou de usuário, é preciso manter-se estritamente às informações esperadas e aos dados necessários para elas, para que a empresa não armazene algo que não será utilizado ou possa resultar em problemas.
Da mesma maneira, durante a análise, é preciso limitar-se aos dados e informações necessárias para a pesquisa, evitando problemas de vazamento ou armazenamento desnecessário.
Todos esses pontos precisam ser levados em consideração tanto no momento de planejamento de pesquisa, na realização e na análise, mitigando os possíveis erros nesse processo.
Até porque esse é um grande ponto de preocupação das empresas que lidam com dados atualmente.
Isso porque o descumprimento das regras ou algum problema com vazamento ou uso antiético acarreta no pagamento de uma multa de até 2% do faturamento, com valor máximo de 50 milhões de reais.
Mais do que isso, ter dados da sua empresa vazados também pode prejudicar a imagem da empresa na sociedade.
Como hoje o assunto já é bastante discutido e de conhecimento para muitos públicos, ter sua empresa relacionada com algum tipo de problema nesse sentido pode trazer ainda mais prejuízo.
Por isso, a privacidade e a ética no uso de dados são pontos cada vez mais importantes para todos os membros de uma empresa, mas ainda mais para quem trabalha diretamente com o estudo do usuário e seus comportamentos.
Prezar pela privacidade dessas informações é papel do profissional de User Research, que pode fazer isso contribuindo com maneiras de torná-los mais seguros e incentivando o uso ético dentro das empresas.
Conclusão
Análise Exploratória de Dados e Estatística Descritiva são dois assuntos que andam juntos e que permitem até alguma “diversão” no trabalho com dados, à medida que nos permitem enxergar dados de uma perspectiva mais espacial e intuitiva.
Por meio dessas técnicas, é possível descrever o “formato”, a distribuição, a dispersão, os limites e várias outras características de conjuntos de dados.
Elas também permitem uma ampla tomada de conhecimento sobre como os dados se comportam e como estão organizados, o que é fundamental para, posteriormente, fazermos Inferências Estatísticas.
Sugerimos que você explore mais a respeito desta área, procure exemplos e pratique tentando encontrar as medidas descritas e gerando visualizações com os gráficos apresentados acima para diferentes conjuntos de dados.