Este modelo define as principais etapas do processo de desenvolvimento de produto. Ele serve como um guia para a estruturação das atividades relevantes nesse processo. Os principais objetivos da utilização deste modelo são:
- Simplificação do processo de priorização do esforço do time;
- Foco no problema que precisa ser resolvido, ajudando a desconstruir ideias de solução que podem estar agarradas à demanda inicial;
- Entendimento do que precisa ser definido, respostas que precisam ser atingidas e entregas que precisam existir em cada etapa.
Passo 1 - Priorização do problema
Vale a pena explorar o problema? Por quê? Qual é o impacto no negócio e/ou no cliente? Quais são os trade-offs?
Nesse ponto, o time deve fazer uma exploração inicial para justificar o investimento de tempo em uma descoberta mais profunda do problema. Não deve ser uma investigação que gaste muito tempo. O foco deve ser em reunir as informações disponíveis para montar um caso, explicitando os motivos que tornam aquela oportunidade relevante. O time pode fazer uso do conhecimento de stakeholders externos e é preferivelmente coletar diferentes pontos de vista sobre o tamanho daquela oportunidade.
As decisões de priorização sempre serão baseadas em trade-offs. Por isso é muito importante que fique muito claro qual atividade será despriorizada para que o time consiga seguir com a exploração de um problema, bem como as alternativas que o time não vai atacar no caso contrário - de não priorização do problema.
O time pode trazer para a discussão uma estimativa de tempo que está disposto a dedicar ao problema, para tornar explícito que o problema pode ser despriorizado caso a solução requeira mais esforço do que o esperado inicialmente.
É recomendado que seja feita uma documentação da exploração inicial, bem como da decisão tomada no final dessa etapa. Uma estrutura simples e útil para esse tipo de documentação é a seguinte:
- Contexto: apresentação das informações coletadas na análise inicial.
- Decisão: breve descrição da decisão tomada.
- Consequência: quais impactos a decisão gerará para o time e a empresa.
Passo 2 - Definição do Problema
Exploração profunda para mapear as variáveis envolvidas no problema - essa é a etapa em que o time vai se debruçar profundamente sobre o problema e investir tempo em aprender o máximo possível sobre ele. A recomendação é que o time foque seu tempo em:
- Desk researches, benchmarks, pesquisa qualitativa, feedback dos clientes, comportamento de uso do app/site e outros tipos de dados que ajudem a entender a importância do problema para quem o enfrenta e como ele é resolvido atualmente.
- Pesquisa quantitativa, dados demográficos, funis de conversão e outros dados disponíveis que permitam definir o tamanho da oportunidade.
Com isso em mente, o time deve ser capaz de revisitar suas hipóteses iniciais e especificar melhor o problema. Note que, apesar de ser uma fase de exploração mais completa, é pouco viável ser completamente exaustivo na busca por informação. Por isso, recomenda-se que determine um tempo esperado para a conclusão dessa fase. A ideia é diminuir o risco de andar em círculos, levando muito tempo para tomar uma decisão.
A qualquer momento durante o processo de descoberta, conforme o time aprende mais sobre o problema e a oportunidade, é possível pivotar o caminho para atacar um problema diferente, rever a priorização ou até eliminar a exploração do problema se a oportunidade se mostrar pouco relevante.
Passo 3 - Exploração de Soluções
Exploração de hipóteses de formas de se solucionar o problema - nessa fase, o foco deve ser em avaliar diferentes alternativas de solução, mapeando prós e contras de cada uma. O time precisará fazer uma estimativa inicial da complexidade envolvida na construção de cada alternativa para que consiga compreender melhor os trade-offs.
O objetivo não é ter uma definição completa da solução, apenas hipóteses detalhadas. Uma ferramenta que pode ser útil no processo de exploração de soluções é a construção de protótipos que permitam a validação rápida de uma ou mais ideias.
No final do processo, o time deve ser capaz de discutir sobre as alternativas e decidir qual é a melhor abordagem para a resolução do problema.
Passo 4 - Definição da Solução
Definição da hipótese de solução a ser testada e seus entregáveis - o time começará a preparação da etapa de implementação. Essa preparação inclui, de forma não limitada, os seguintes passos:
- Story mapping para definir como as entregas serão divididas;
- Finalização da UX e da UI;
- Desenhos de diagramas da arquitetura;
- Testes de usabilidade;
- Definição de instrumentação e monitoramento.
É importante enquadrar todo o trabalho de implementação entorno de critérios de sucesso, isto é, critérios que permitam dizer como e quando cada etapa/entrega foi finalizada. Também é importante que os aprendizados que se espera obter com o teste da hipótese estejam claros, assim como os próximos passos a serem seguidos após a hipótese ser validada ou refutada para evitar longos tempos de reação.
Passo 5 - Implementação e Lançamento
Desenvolvimento da solução escolhida, definição de estratégia e controle do lançamento
Esta fase compõe a execução da solução. Aqui o time estará concentrado em criar as histórias que compõem cada entrega. É importante que haja controle constante de como o plano está sendo executado para garantir que não haja surpresas que podem comprometer a entrega.
Também é o momento em que o time deve trabalhar em definir o plano de lançamento, definindo quantas pessoas deverão ser impactadas pelo experimento e trabalhando em um plano de go-to-market, se aplicável.
Passo 6 - Aprendizados e próximos passos
Coleta de resultados e identificação de novas oportunidades - essa é a etapa de conclusão da iteração que foi criada. Conforme o time tem acesso aos resultados, é capaz de definir se o experimento foi ou não um sucesso, ou seja, validar ou não a hipótese de solução. Nesse momento, é importante que os aprendizados sejam documentados e compartilhados com todos os times impactados.
Em caso de insucesso, normalmente o time volta para o passo 3 para refinar a solução atual ou testar uma hipótese diferente. Também, é possível que o time decida desistir da oportunidade e resolva partir para um problema diferente. Porém, é esperado que se o problema que foi priorizado é realmente relevante, o time realize pelo menos mais uma iteração antes de seguir para outro problema.
Aplicando o modelo
Este modelo descreve as etapas básicas do ciclo de desenvolvimento de produtos digitais. Ele é composto de poucas etapas que são de compreensão fácil. No entanto, o processo real é bem menos linear do que o modelo permite desenhar. Por isso, é importante que ele seja aplicado e adaptado à realidade de cada cenário. Com a prática você deve ser capaz de customizá-lo para que ele tenha uma forma que faça mais sentido para você.
Conclusão
Em resumo, o processo de desenvolvimento de produtos digitais envolve várias etapas, desde a priorização do problema até a implementação e avaliação dos resultados. Cada fase é crucial para garantir que o produto final atenda às necessidades dos usuários e aos objetivos do negócio. É importante adaptar o modelo às especificidades de cada projeto para obter os melhores resultados.