Product Design ou Design de Produto é um conceito relativamente novo em startups e empresas de tecnologia.
Não há uma definição unânime do termo e, dependendo do contexto, o mesmo pode se confundir ou se sobrepor a UX Design ou UI Design, por exemplo.
O mais comum é considerar Product Design como a função que alia conhecimentos amplos em design (UX, UI, design de interação, pesquisa com usuários, entre outras outras habilidades técnicas em experiência do usuário e design visual) com visão de produtos e visão de negócios.
“Os designers de produto ajudam a fazer produtos que não são apenas fáceis e agradáveis (ou pelo menos satisfatórios) de usar, mas também ajustados para um bom desempenho no mercado” — Interaction Design.
Por visão de produtos e de negócios, entende-se conhecimentos generalistas de mercado, ciclo de vida de produtos digitais, marketing do produto e alguns aspectos de gestão que permitam um design mais consistente desde a conceção até à maturidade de um produto.
Em certo sentido, Product Design também pode designar uma função de design full stack, isto é, que cobre toda uma gama de conhecimentos e práticas em design, em vez de ser especialista em apenas uma área, como UX, por exemplo.
O design do produto é todo o processo — Eric Erikson, designer com passagens no Spotify, Instagram e Facebook.
Historicamente, o termo Product Design já existe desde meados do século XX, associado ao Design Industrial, na fabricação de produtos físicos. Era a denominação para a função que concebia e projetava artefatos (desenhos, esquemas, fluxogramas, mapas, maquetes etc.) que orientavam a construção de tais produtos, como um carro, uma TV ou uma cafeteira.
Tecnicamente, também dava nome aos padrões (intencionais ou não) que o produto físico acabava tendo depois de construído. O design entrou na indústria de software, inicialmente, nos anos 1980 e 1990, para projetar a usabilidade de sistemas e programas.
Com a Internet, a partir de 1995 até por volta de 2008, o design foi direcionado aos aspectos visuais e estéticos de sites (UI Design). A partir dos smartphones e da Internet móvel, de 2010 em diante, o design de experiência do usuário (UX Design) viveu um boom.
Como startups têm a necessidade de criar produtos inovadores e escaláveis (capazes de atingir grandes mercados, se possível globais), e, para isso, dependem de muita criatividade, visão, adaptação e flexibilidade, funções generalistas e polivalentes passaram a ser mais versáteis do que funções especializadas.
Assim, Product Design virou uma denominação para uma função mais ampla e completa, capaz de conhecer e transitar sobre diversas técnicas de design, levando em consideração aspectos mercadológicos dos produtos digitais.
Competências em Product Design
Como visto, o termo é novo e pode ser um tanto ambíguo em relação a outras funções do design.
Dependendo da startup ou empresa em que é usado, Product Design pode ter as mesmas competências que UX Design, por exemplo. Mesmo assim, em geral, o que se percebe são algumas características que diferenciam Product Design das demais funções da disciplina.
Entre essas características podem estar competências que se distanciam do design de interfaces ou da pesquisa com usuários, como analisar a jornada do cliente de uma startup, ter noções de service design (design de serviços), conhecer gestão de projetos e entender a fundo de Design Thinking aplicado a processos e requisitos de negócio.
Uma lista não extensiva pode conter:
1. Conhecer o cliente da startup ou empresa e seu comportamento como consumidor, por meio de pesquisas de mercado e pesquisas comportamentais, por exemplo.
2. Conhecer o produto, o mercado em que está inserido, aspectos da concorrência e outros fatores mercadológicos relacionados.
3. Ser responsável e/ou participar de toda a ideação, prototipação, validação e desenvolvimento do produto, além de acompanhar o desempenho e a melhoria contínua do produto ao longo de seu ciclo de vida.
4. Ter conhecimento e saber executar as competências de UX Design, como pesquisa com usuários, desenho de wireframes, arquitetura de informação, user stories mapping, entre várias outras.
5. Ter senso estético apurado e conhecer critérios, técnicas e ferramentas de UI Design que engloba design visual, design de interação, entre outros.
6. Saber lidar com métricas e dados, conhecer testes A/B e experimentos e adotar uma mentalidade informada por dados para tomada de decisões.
7. Gerir visão de longo prazo, priorização de etapas, eventualmente ter noções de recursos (tempo, pessoas etc.) e custos envolvidos em um ciclo de vida de design.
8. Conhecer e ter um bom relacionamento com marketing, gestão de produto e gestão da marca da empresa, sabendo aliá-los e adequá-los no design do produto.
9. Dominar Design Thinking e pensar design não apenas do ponto de vista de experiência ou estética, mas sim como elemento capaz de contribuir no aumento de receita e redução de despesas em um negócio.
Apenas para comparação, um UX Designer estaria muito mais focado no ponto de número 4, acima, e um UI Designer atuaria muito mais nas competências do ponto 5, enquanto um Product Designer cobriria todos os aspectos.
Como se pode ver, Product Design resume, de certa forma, um amadurecimento do papel do designer para atuar em startups e empresas que lidam com inovação.
Trata-se de uma função polivalente, capaz de transitar bem nas conversas de negócio, participar da concepção, desenvolvimento e melhoria contínua de produtos digitais, seja em relação à sua experiência ou estética, além de agregar capacidade de gestão.
O papel dos designers de produto é bastante flexível, pois nutre toda a vida útil do design, mas com o foco principal nos requisitos de negócios e na responsabilidade de dar vida a um novo produto fácil de usar que seja compatível com o mercado. — Adam Kozłowski, chefe de Design na Ideamotive.
Por que é importante?
Para empresas, Product Design é importante porque não se limita a áreas especialistas do Design, como UX e UI.
Permite otimizar equipes e contar com profissionais mais diversificados e generalistas, úteis em ambientes como startups, em que adaptação, flexibilidade, criatividade, colaboração, visão de longo prazo, entre outras qualidades, são necessárias para a dinâmica do negócio.
Para profissionais, a função de Product Design permite não se restringir a um domínio especialista e predominantemente técnico, e adquirir visão de negócios, produtos e gestão.
Essas qualidades são interessantes para profissionais que almejam crescer na profissão, quem sabe liderar times de design, atuar como consultores de design, implantar processos de design em empresas ou mesmo fundar seu próprio negócio.
Conclusão
O Product Design emerge como uma abordagem holística e versátil no mundo do design digital. Ele combina habilidades técnicas de UX e UI com uma compreensão profunda de negócios e produtos. Essa função multifacetada é essencial para criar soluções inovadoras que não apenas atendam às necessidades dos usuários, mas também impulsionem o sucesso comercial. Para profissionais criativos que buscam expandir seus horizontes e fazer um impacto significativo, o Product Design oferece um caminho empolgante e repleto de oportunidades de crescimento.