Foi-se o tempo em que bastava colocar qualquer produto no mercado, como uma commodity, e esperar que consumidores o comprassem, normalmente porque precisavam muito daquilo para sua sobrevivência.
A sofisticação do consumo trouxe uma infinidade de ofertas, seduções, despertou desejos e tornou clientes muito mais exigentes e conscientes, ao mesmo tempo em que fez se relacionarem em um nível muito mais emocional com produtos, principalmente os inovadores, os quais oferecem um valor único, de novidade, na resolução de um problema ou na satisfação de um desejo.
O valor do Design no Produto está em trabalhar todos esses aspectos emocionais, sedutores, de desejos e, conjuntamente, de resolução de problemas.
Produtos sem um bom design — não apenas estético (embora isso também seja importante), mas preocupado com a utilidade, a eficiência de uso —, podem ser “perfeitos” do ponto de vista construtivo e, às vezes, até na entrega de valor, mas podem ficar para trás de concorrentes por causa de descuidos com o design.
Por design, entenda-se todo o processo que agrega características de empatia, relacionamento; que liga o cliente ao produto em um nível muito humano, pessoal, subjetivo.
Evidências
A McKinsey, consultoria mundial de negócios, produziu em 2018 um relatório detalhado sobre o valor comercial do design. Acompanhando práticas de design em mais de 300 empresas durante cinco anos, descobriu-se que as empresas que desenvolviam o design apresentaram crescimento de receitas de 10%, contra 3% a 6% de benchmarks comparativos. O retorno aos acionistas foi de 21%, contra 12% a 16% de benchmarks.
“[...] o potencial de crescimento impulsionado pelo design é enorme nos setores de produtos e serviços [...] hoje há mais oportunidades do que nunca para buscar um design centrado no usuário e analiticamente informado” — McKinsey.
A pesquisa revelou insights preciosos sobre o valor do design nos negócios:
1. Mais do que um sentimento: é liderança analítica. Segundo a consultoria, “as empresas [...] com melhor desempenho financeiro compreenderam que o design é um problema da alta administração e avaliaram seu desempenho de design com o mesmo rigor que usaram para rastrear receitas e custos.”;
2. Mais do que um produto: é a experiência do usuário. “As empresas do primeiro quartil [as mais bem posicionadas do ranking] adotam a experiência completa do usuário; eles quebram as barreiras internas entre design físico, digital e de serviço.”;
3. Mais do que um departamento: é um talento multifuncional. “As empresas do quartil superior [as mais bem posicionadas do ranking] tornam o design centrado no usuário uma responsabilidade de todos, não uma função isolada.”;
4. Mais do que uma fase: é iteração contínua. “O design floresce melhor em ambientes que incentivam o aprendizado, o teste e a interação com os usuários — práticas que aumentam as chances de criação de produtos e serviços inovadores e, ao mesmo tempo, reduzem o risco de perdas grandes e caras.”.
Os quatro pontos acima se relacionam com muito do que é visto neste curso, sobre design centrado no usuário, melhoria contínua do produto, envolvimento do time e de stakeholders em todo o processo, entre outros aspectos.
Em outras palavras, os pontos acima podem ser entendidos como:
- design é uma função tão (às vezes, até mais) importante quanto outras do negócio, não um acessório;
- design não é sobre “coisas”, mas sobre experiências humanas;
- design não é restrito a designers: é algo que todo o negócio tem de abraçar e respirar no dia a dia;
- design não é projeto: ele tem de ser constante e contínuo enquanto existir negócio.
Considerações
O design é algo inevitável em intenções humanas, principalmente em empreendimentos e criações. Mesmo não querendo “fazer design”, qualquer produto, serviço, processo, projeto ou mesmo criação artística que venha ao mundo terá um determinado design.
Como negócios não podem confiar na sorte para que uma criação seja adotada e adorada pelo público, há teorias, métodos e práticas de para trazer criações à realidade de uma forma mais sistemática, estruturada e assertiva.
Especificamente em relação a produtos de software, o design não apenas engloba todos esses aspectos já citados, mas é fundamental para a própria compreensão, o uso “intuitivo” e eficiente do produto.
As práticas para se atingir essas qualidades no produto perpassam muito dos métodos tratados na unidade Product Discovery deste curso (que trata sobre a concepção e ideação do produto) e nesta unidade Prototipação e Testes de Usabilidade (que trata de tornar o design do produto tangível e validável, para que o produto possa, então, ser desenvolvido).
Conclusão
O design é uma força poderosa que impulsiona o sucesso dos produtos e negócios. Ele vai além da estética, abrangendo a experiência do usuário, a resolução de problemas e a conexão emocional com os clientes. As empresas que valorizam e integram o design em todos os aspectos de suas operações têm maior probabilidade de prosperar no mercado competitivo atual.
Lembre-se: o design não é apenas responsabilidade de uma equipe específica, mas sim um esforço colaborativo que envolve toda a organização. Ao adotar uma abordagem centrada no usuário e iterar continuamente, você estará no caminho certo para criar produtos que não apenas atendam às necessidades dos clientes, mas também os encantem e superem suas expectativas.